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Exter… que? Externalidades

Escrito por: Vítor Leal Pinheiro

O tema, externalidade, é fundamental para a compreensão dos problemas que a humanidade encara hoje e para que cada um compreenda sua parte num futuro menos obscuro.

Externalidade é o impacto, positivo ou negativo, em qualquer parte não envolvida diretamente em uma negociação. Para entender melhor, darei um exemplo. Você compra um saleiro que custa 1 real. Ele veio da China e você até se pergunta como ele pode ser tão barato, já que um saleiro produzido aqui custa, no mínimo, 5 contos. O que você não sabe é que a fábrica que produziu esse produto utiliza trabalho escravo/infantil, polui um rio com metais pesados e o ar com poluentes. Você e o comerciante não estão sendo de forma alguma lesados no processo. Ele pagou 50 centavos, vendeu por 1 real. Você tem o que queria e pagou pouco por isso e o comerciante realizou uma venda e teve um lucrinho. Mas, sem perceber, você causou impacto lá na China. Ou seja, por fazer o melhor negócio possível, você fez com que sua decisão de compra causasse um problema em outra pessoa. É a lógica perversa do capitalismo.

Aí você me diz: mas isso é na China, não no Brasil. E eu peço para você olhar os jornais e perceberá que, vira-e-mexe, temos alguma notícia de trabalho análogo ao escravo em uma fazenda aqui do Brasil. O queridinho Etanol (álcool combustível) utiliza o trabalho de milhares de bóias-frias. E é um trabalho pesadíssimo, insalúbre e que paga muito pouco.

Externalidade é uma questão econômica, porque as partes interessadas no negócio não estão pagando os custos reais do produto/serviço. Você não paga o custo real do saleiro, então a sociedade como um todo paga a diferença. Pode até não ser a sociedade brasileira, mas tenha certeza de que alguém estará pagando.

Um outro exemplo de externalidade é o automóvel.

Opa, lá vem porrada.

O automóvel é um bem privado que utiliza o espaço público (rua) e polui o ambiente de todos. Então se eu estou em um ônibus, o automóvel causa trânsito e atrapalha o meu percurso, ele causa uma externalidade. Mais: como os automóveis são responsáveis por 50% de toda a poluição atmosférica em Sâo Paulo, um motorista polui o ar que eu respiro. Essa poluição é uma externalidade a que eu e você estamos expostos graças ao fato de algumas pessoas terem carros. E por alguns, eu digo muito menos do que se imagina. Em Sampa, só 30% das viagens são feitas de carro. O resto se divide em transporte público, caminhadas, bicicletas e motocicletas. E as pessoas ainda dizem que é o ônibus o vilão do trânsito. O automóvel não paga toda a sua conta, e a sociedade subsidia seu uso. Mas essa discussão fica pra outra pílula vermelha.

Mas o que eu posso fazer em relação a isso?

O que estamos fazendo hoje não é só exportar um monte de poluição e devastação para países cada vez mais longe. Estamos também fazendo isso para as sociedades futuras. Você compra um saleiro e, embutida nessa compra, está a capacidade dos seus filhos e netos de sobreviver. Doeu? Pois é. Dói. Não é pra quem tem o coração fraco, mas a realidade nua e crua é essa. Por isso, a pergunta mais importante que você pode fazer ao comprar qualquer coisa não é quanto custa. É de onde vem. Como foi produzido.

Então pergunte. Suas perguntas são importantes pois mostram ao comerciante que você não é um qualquer e que é melhor ele começar a oferecer produtos melhores, ou ele corre o perigo de perder você para a concorrência. Ou até fechar. A sociedade brasileira é engraçada, pois todas as pesquisas demonstram que ela entende os problemas ambientais, só não leva isso em conta na hora de comprar. Portanto, já sabe. No mínimo, olhe o rótulo dos produtos. E evite xing-ling.

Link da matéria original: https://nossoquintal.org/2008/09/01/exter-que-externalidades/

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